quinta-feira, 5 de novembro de 2009

ARROGÂNCIA


Por Josi Cristiane


O Pecado que não tem perdão...


Os gregos antigos achavam que a arrogância era o maior dos pecados, aquele que não tinha remissão e era punido com a condenação eterna. A arrogância entendida como descomedimento, como falta de consciência de limites, é a chave para a compreensão da grande crise de valores que caracteriza o homem de hoje.
De quanta terra precisa um homem? Para ilustrar bem essa questão, achei um conto muito interessante de um escritor russo do século XIX, Leon Tolstoi. É sobre um homem que faz um pacto com o diabo para receber toda a terra que conseguir percorrer a pé. O homem caminha do nascer ao pôr-do-sol. Passa o dia sem se conceder descanso. Quando o sol já está perto de se pôr ele não se dá por satisfeito. Intensifica o esforço. Falta-lhe fôlego, mas ele não para. Quer ainda possuir aquele vale, aquele bosque. Quando esse homem cai, morto de fadiga, fica claro de quanta terra ele precisa. Apenas alguns metros de terra é o que ele precisa para ser... enterrado! Cruzis!!!!!!!
A trágica moral contida neste conto, sintetiza um mito-chave para compreender a falta de consciência que acomete algumas pessoas, e porque não dizer, a civilização contemporânea. O mito da arrogância nada mais é que a falta de limites, de ambição desmedida, desejo incontrolável de posse e poder. Quando vejo pessoas brigando, manipulando situações em nome do dinheiro, por interesses "territoriais", me assusta tamanha ignorância! Como o conto mesmo nos mostra, a única terra que nos pertencerá de fato, será a que cobrirá nossos corpos um dia desencarnados . É triste, mas é a única verdade absoluta que temos...
 
Para reequilibrar essa força muitas vezes destruidora praticada pelo homem, entra em cena a lei da ação e reação. Segundo a simbologia dos deuses gregos, sua função é manter o equilíbrio todas as vezes que ele for rompido. Sua ação põe em movimento uma reação igual e contrária. Ou seja, terceira Lei de Newton. A natureza sábia como é, usa dessas leis para equilibrar e harmonizar não apenas o nosso sistema social, mas também a vida pessoal de cada indivíduo. Em outras palavras, ir além dos limites representa o risco certo de se colher insatisfação adiante.
A arrogância excessiva apenas alimenta uma sociedade cada vez mais insatisfeita e infeliz, na mesma proporção em que a ciência e a tecnologia invadem nossas casas com aparelhos cada vez mais complicados e quase sempre inúteis no que diz respeito àquilo que realmente necessitamos para nos realizarmos como pessoas, além da nossa relação com o mundo e a natureza. Essa concepção distorcida das nossas reais necessidades que vem desde o Império Romano até a atualidade, nos torna os únicos responsáveis pela irresponsabilidade demolidora com que tratamos a natureza. Os desastres ecológicos modernos constituem prova disso.
Enquanto o homem não encontrar satisfação dentro de si, a arrogância irá escravizá-lo, condenando-o e tirando-o a oportunidade de descobrir o verdadeiro valor e sentido da vida!  
 
 
 

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